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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Como tudo começou...

São João da Chapada


O surgimento do Arraial do Tejuco, onde hoje se encontra a cidade de Diamantina, ocorreu por volta de 1722 e se deu por meio da expansão de pequenos arraiais ao longo dos cursos d’água onde era feita a mineração de ouro. Com quase três séculos de fundação, Diamantina é uma cidade rica em tradições e detentora de patrimônio cultural, arquitetônico e natural singulares. Teve seu centro histórico tombado em 1938, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e na década de 90 a cidade foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.

São João da Chapada é um dos distritos de Diamantina e está localizado cerca de 30 km de seu município sede. Situa-se no alto divisor das águas das bacias do Rio Pardo, afluente do Rio das Velhas e do Ribeirão Caeté-mirim. Considerado um dos pontos habitados mais elevado do país, está a aproximadamente 1450 m de altitude. O clima, classificado como tropical de altitude, varia de úmido a seco, com temperaturas médias anuais entre 19º e 27ºC. A vegetação predominante é o cerrado gramíneo lenhoso e o campo rupestre. Localizada no planalto setentrional da Serra do Espinhaço, mais especificamente no Planalto de Diamantina, em elevadas serras de afloramentos rochosos, está São João da Chapada.

Além da sede, mais quatro vilarejos compõem o distrito, sendo eles: Macacos, Quartel do Indaiá, Chapada e Caeté-Mirim. Toda esta área era de propriedade do Contratador João Fernandes de Oliveira (da escrava Xica da Silva), um dos mais influentes que existiu na região do Tijuco, ainda no período colonial brasileiro. Na região da Chapada funcionou também o Quartel dos Indaiás, destinado ao confinamento dos negros fugitivos do trabalho escravo.

A população de São João da Chapada é formada por garimpeiros e seus descendentes, muitos de origem africana, escravos e ex-escravos, e descendentes de portugueses que se alojaram no arraial em busca dos diamantes. No distrito é possível observar manifestações culturais de origens africanas tais como as danças Chula e Umbigada, herança deixada pelos primeiros moradores. Além disso, o lugar possui grande importância cultural pelo registro dos Vissungos, antigos cantos africanos ouvidos durante a mineração, típicos de São João da Chapada e expressão de música africana de origem.

As marcas do garimpo estão impressas em todas as partes de São João da Chapada. Ainda hoje é possível observar pontos de onde, outrora, foram extraídas fortunas em diamantes. Segundo a história oral dos moradores o distrito teve origem de um antigo quilombo, denominado Chapada, um pequeno povoado que remonta ao início do século 18, pois consta do Mapa da Demarcação Diamantina, datado de 1750. Os habitantes de Chapada, com a escassez dos diamantes resolvem subir o Rio São João em busca de uma área mais propícia ao garimpo, chegando ao local atual, próximo à lavra da Pratinha, em 1833.

Ainda hoje é possível visitar as ruínas do antigo povoado, e de acordo com a população, a pequena Capela do Bonfim, fazia parte da antiga vila. Com a mudança do local, os moradores foram desmontando as antigas choupanas e a própria capela, carregando suas partes em lombo de mulas e as reconstruindo nos lugares atuais. Em 1861, uma lei provincial (n°1103, de 16 de setembro) reconhece o povoado como um distrito, e após 1870 o lugar passa a se denominar São João da Chapada.

O distrito se localiza a 290 quilômetros de Belo Horizonte. Encravada no Espinhaço, faz divisa com o Parque Nacional das Sempre Vivas, cuja entrada principal se situa em uma comunidade próxima chamada Macacos. A cata das sempre-vivas era, até a criação do PARNA, uma das principais fontes de renda das comunidades locais, assim como o garimpo. Estas flores são muito procuradas por seu valor ornamental, tanto no Brasil como no Exterior.

O município de Diamantina e, por conseguinte, o distrito de São João da Chapada, está inserido no Programa Turismo Solidário, projeto criado pela Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e do Norte de Minas (SEDVAN) aliada às parcerias entre o SEBRAE, Fundação Banco do Brasil, IDENE, Governo de Minas e Ministério do Turismo. O Programa tem como objetivo estimular o desenvolvimento econômico das comunidades e regiões participantes por meio do aumento do fluxo de turistas. Além disso, permite que o visitante participe de ações solidárias, valoriza a identidade cultural e preserva o patrimônio cultural e natural. O visitante que busca compreender a cultura que visita, ao se hospedar na casa de um morador, tem a possibilidade de vivenciar uma experiência rica e original.

Dentre os principais atrativos do local, além da riqueza histórica e cultural e do PARNA das Sempre Vivas, destaca-se a região do Morro Redondo, onde se situa um cruzeiro e de onde se tem umas das vistas mais esplendorosas das montanhas do Espinhaço. Próxima a esta área esta a “Máquina”, uma antiga ruína de pedras associada a várias lendas e “causos” dos moradores, tendo em vista que os mesmo desconhecem a origem do local. O povoado de Chapada, à beira do Rio São João, com suas ruínas em pedra é um atrativo à parte, e se situa a cerca de 3 km do distrito, sendo possível chegar ao mesmo percorrendo uma trilha. Além disso, os “Túnel”, região de mineração subterrânea ligada por vários túneis, e as lavras de garimpo, são atrativos que por si só já valem a visita.

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